Doidivana

blog da escritora Ivana Arruda Leite

33

5 comentários

Se tudo correr direitinho, quando esta coluna for publicada, eu estarei há 33 dias sem fumar. Não é a primeira vez que isso acontece. Já fiquei sem fumar durante 1 ano e meio. Mas aí comecei a namorar um cara que fumava 3 maços por dia e a vaca foi pro brejo.
Essa história de parar de fumar é uma montanha russa. Ora você se acha a maioral e se sente super animada a levar seu propósito adiante, ora você se sente uma idiota completa por ter se deixado levar pela onda anti-tabagista que assola o planeta, sem distinguir os mil tipos de fumantes que existem sobre a face da terra.
Se querem saber, eu acho a ditadura da saúde tão maléfica quanto qualquer outra. Já já vão pedir que eu abra mão da feijoada, da picanha, do bacon. Never! Eu estava muito contente com a minha vida do jeito que ela estava. Só queria parar de fumar.
Se os benefícios de parar de fumar fossem mais rápidos, visíveis a olho nu, a gente teria mais ânimo. Não é o caso. O bem-estar vem com o tempo, um dia depois do outro. Já os quilos a mais chegam rapidinho. Quando você percebe, virou uma ex-fumante obesa e tem que encarar outro sacrifício: dieta. Haja paciência. E tome água e tome cafezinho e tome água.
No começo, pra não cair em tentação, eu deixei de sair, de beber, de me encontrar com os amigos. Conclusão, minha vida foi ficando triste e cinza, mais cinza do que a cinza dos cinzeiros de antigamente. OK, você não precisa fazer da sua vida um inferno só porque parou de fumar. Arrisquei umas saídas. Correu tudo bem. Bebi, conversei e voltei pra casa tão casta quanto antes. Se alguém perguntava se podia fumar na minha frente, eu dizia que sim e pedia pra pessoa jogar a fumaça bem na minha cara para que eu lembrasse dos velhos tempos.
Como eu não suporto a idéia de nada que seja para a vida inteira, prefiro pensar que estou dando um tempo. Até me dei um prazo: 31 de dezembro. Na primeira hora de 2005 eu vejo se renovo a promessa ou acendo um cigarro. Só peço que não me condenem se me virem fumando antes disso. Afinal, tudo mata nesta vida e, disso ou daquilo, todos vamos morrer um dia. Torçam por mim.

(crônica publicada na Revista do Folha em nov/2004)

Autor: Doidivana

escritora de forno e fogão

5 thoughts on “33

  1. Nem meia tragadinha. Tô limpa há quase seis anos. Com o tempo, peguei ÓDIO de cigarro. Não posso nem com cheiro à distância. Embora MORRA de saudade dele. Talvez quando eu fizer 60 anos… em maio do ano que vem…

  2. e de lá pra cá, parou de fumar?

  3. tentei varias veces de deixar o cigarro…espero voce tenha mais sorte que eu..forza y animo

  4. a crônica foi publicada em 2004.

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